Sugestão musical de acompanhamento da leitura
Esta noite há estrelas no céu
Nada de novo. Há estrelas no céu todas as noites.
Nem sempre olho para elas, elas não sei, gosto de pensar que sim.
Esta noite a lua brilha.
Nada de novo. Todas as noites ela brilha.
Nem sempre olho para ela, ela não sei, gosto de pensar que sim.
Esta noite eu estou a escrever aqui.
Nada de novo, várias noites escrevo aqui.
Um teclado merdoso, um whisky rasco com gelo para disfarçar, e um cigarro que se vai.
As estrelas, a lua e eu estamos a observar.
A noite, calada como sempre, nota-me e na obscuridade sussura-me palavras.
Eu nem sempre as tenho, ela por vezes cala-se, mas hoje, de janela aberta
ela presenteia-me com estes banhos e bronzeados de lua cheia.
Um náufrago dos pensamentos, crenças e sensações
sem bóias, sem saber muito bem nadar ou sequer sonhar
olho pela janela e vejo os despojos de luz que saem de outros prédios
"Todas as famílias felizes são idênticas, cada família infeliz é infeliz à sua maneira."
Léon Tolstoi Anna Karenina.
Uns riem, outros discutem. Outros ainda estão absortos na televisão ou a resolver jogadas de
treinador de bancada de futebol.
Outros fazem amor, escondidos da luz do dia, não vá ser pecado e Deus (como todos sabem) de noite não vê.
Na minha rua a lua brilha e abençoa todos eles.
Na minha rua a noite esconde parte deles.
Na minha rua, a noite sorri porque eu sei o que a lua está a fazer
A lua, essa rameira que ilumina todos sem excepção, da noite para fora,
acho que também sorri.
Ela tem uns rebeldes de estimação.
Que se escondem do sol