2 de Março
Há cinco anos atrás ele nasceu
Trazia no corpo frágil o choro de uma presença insconstante
Fazia-se notar pela fragilidade, pelo cuidado e necessidade
Eu olhava, uma vez mais, pasmo.
Por um lado feliz por capacitar mais um a experienciar o mundo
por outro lado triste por capacitar mais um a experimenta a dôr da ilusão.
E os anos foram passando e as nossas vidas mudaram
Um para um lado e outro para outro
O amor ficou. Fermentado pela saudade e distância.
Sentido pela ausência e novidade.
Ele pergunta-me tudo o que se lembra
Eu respondo a tudo o que penso que posso
Ele pede-me pastilhas e eu finjo esquecer-me de comprar metade das vezes
qual cavaleiro em batalha contra as cáries.
Ele sabe que eu sei que ele sabe
que se está a esquecer
Do que era a felicidade.
Ele já sente dôrzinhas no peito.
Eu sinto-as desde antes dele nascer
Ele sabe que está a começar
Eu sei que ele sabe que eu estou a acabar.
Ele tenta-me com um sorriso malandro
Eu respondo com um olhar igual
e entendemo-nos numa harmonia sem palavras.
Ele sabe que é luz e eu também.
Ele tem uma certeza inabalável
um segredo nunca dito mas sentido
Sabe que o amo e que é um amor selado para sempre.
Ele sabe.
E eu também.