A amargura toca-nos a todos. Ainda que sejas essa mulher que me tornou outra vez capaz de espreitar por detrás de portas abertas à procura da vã felicidade. Às vezes... é tão difícil dar-te apenas momentos. Às vezes é mesmo difícil dar-te...seja o que fôr....e às vezes torna-se quase impossível despir o disfarce... a máscara.. de tão habitual e justa que me está. Essa, aperta-me os adentros com noções falsas de tudo aquilo que penso ser. Hoje em dia só me sinto confortável no escuro. Já vão sendo demasiados os copos que vou deixando para trás...vazios de esperança..como eu Este jogo de xadrez que é a vida... leva-nos a deixar-nos levar ao xeque mate consentido E é nessas alturas que olhamos para outros sinais... Vemos flores a nascer.... vemos novas cores a surgir Por vezes de recantos que de tão cinzentos e aborrecidos, nos espantam e desarmam Quero mudar de peça.... estou farto de ser a Torre. Quero ser o cavalo! Xeque-Mate.
Caminho sempre contra o sol em direcção à minha sombra.. Teimo em abraçar a noite que é fria e insensível.. mas é iluminada pela luz ténue da lua E a suavidade dessa mesma luz faz com que eu acalme todas as tempestades que em mim resolveram habitar Estou dividido.. acho que sou dividido Acho que nunca vou ser o "eu" que busco em mim Talvez isso não interesse.... talvez o objectivo não seja o principal.. mas sim a viagem.
Sigo aquele caminho familiar que me leva a casa Não me sinto em casa quando lá chego. Sinto-me num local de passagem... como em todos os lados da minha vida Eternos lugares de passagem Como se eu não pertencesse a nenhum deles. Como se estivesse no lugar errado à hora indevida. Mas por vezes.. raras, é certo... Ela está lá... Às vezes ela personifica tudo o que espero e quero Outras...nem por isso Outras faz-me sentir como se estivesse no lugar mais errado da minha existência Como se fosse feito especificamente para me mostrar o erro que cometi Como se...como se... Como se eu estivesse a viver a vida de outro alguém...
É tão raro reconhecer-me no que penso ou escrevo Sabem... hoje vi uma borboleta.. Ela parecia tão indeterminada e indecisa quanto eu
Caem os panos..anuncia-se uma retirada e uma transformação Estou a mudar.. e vocês também... com o que lêm.
A guitarra é já uma estranha....
Rest assure........Arthur.... rest assure.. I'm almost drowning in her sea....yeah
Hoje senti-me um desconhecido para mim mesmo olhei o solitário céu nocturno, como faço sempre.. da janela da cozinha Estamos em Março.. está frio e pela primeira vez o céu nada teve de mágico para mim Era vazio e longínquo... era frio e mudo Espremi resquícios de poesia daquela paisagem negra.... mas nada falou comigo.. É tão estranho quando por vezes me encontro vazio.. Como se alguém tivesse sugado tudo o que tenho.... Acho que estou a crescer... e isso assusta-me Sou uma criança e gosto de o ser... um sonhador incansável...que por vezes... também se sente vazio..
Pinto-te esperança num mar de ilusões. Ondas de promessas desfeitas te ofereço Longe de miragens etéreas de nada Ofereces-me o teu mundo e eu não o mereço
Guardas em ti segredos de cores que nunca ouvi falar Reservas suspiros em verbos que nunca senti E prometes gritá-los todos nos meu braços Eu que nunca dei grande valor a quem abraçava e por isso sofri
Sussurros silenciosos nos envolveram Enquanto as nossas roupas quedavam mortas no chão Sem sobra de nós, sem canções de vida e silhueta Naquele momento, ao olhar-te nos olhos... vi o pecado de uma vida... e pedi-te perdão
Um longo caminho separa-me de vários sonhos de criança. Vou preenchendo uns e outros com pedaços de realização efémera... Tenho razões para acreditar...que o amanhã é sempre melhor Talvez seja um optimista... talvez seja um renegado ou mesmo um sonhador acostumado Não me faz a mínima diferença os planos que traço.. nunca os consigo realizar... Vejo claramente o mesmo caminho de sempre...em frente. É mais um dia na minha vida...e mais uma noite de sonho. O elemento comum é sempre o mesmo... alcóol... Mais um dia passa... mais uma garrafa acaba.. Mais uns quantos sonhos se guardam naquela gaveta escura que já cheira a fastio.. Amanhã será mais uma porta aberta para realizar mais um desses sonhos A profundidade... é uma maldição... Só a sente quem sente. Gostava de ser simples Gostava de ser mais simples do que sou. Gostava de poder ver as coisas tal como elas são. Não de fazer estes castelos nas nuvens... nem festas de gotas de chuva. Mas...por outro lado.... se o fosse...não estaria aqui a escrever....
O que será que me dá Que me bole por dentro, será que me dá Que brota à flor da pele, será que me dá E que me sobe às faces e me faz corar E que me salta aos olhos a me atraiçoar E que me aperta o peito e me faz confessar O que não tem mais jeito de dissimular E que nem é direito ninguém recusar E que me faz mendigo, me faz suplicar O que não tem medida, nem nunca terá O que não tem remédio, nem nunca terá O que não tem receita
O que será que será Que dá dentro da gente e que não devia Que desacata a gente, que é revelia Que é feito uma aguardente que não sacia Que é feito estar doente de uma folia Que nem dez mandamentos vão conciliar Nem todos os ungüentos vão aliviar Nem todos os quebrantos, toda alquimia Que nem todos os santos, será que será O que não tem descanso, nem nunca terá O que não tem cansaço, nem nunca terá O que não tem limite
O que será que me dá Que me queima por dentro, será que me dá Que me perturba o sono, será que me dá Que todos os tremores me vêm agitar Que todos os ardores me vêm atiçar Que todos os suores me vêm encharcar Que todos os meus nervos estão a rogar Que todos os meus órgãos estão a clamar E uma aflição medonha me faz implorar O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem juízo
Como são tristes as despedidas..suadas e sentidas Por vezes acontecem... confesso não perceber bem porquê... talvez sejam parte obrigatória desta viagem chamada vida, um caminho préviamente definido e acordado que assim é que tem de ser. Confesso que cresço cada vez um pouco mais...com cada despedida. Faz-me repensar perdas e danos... O conceito é estranho e, queiramos ou não, algo que nunca estamos verdadeiramente preparados.. Mas elas pairam...sobre nós....qual fantasmas prontos a assombrar-nos.. as despedidas Que nos convidam a que as pessoas de quem nos despedimos, façam parte integrante das nossas memórias futuras.. e quantas e quanta vezes recorremos a elas..... Odeio despedidas. Sou um idiota. Mas esse é apenas um dos meus defeitos. Gosto de perder o olhar no horizonte e pensar nas caras de quem já me despedi. Nas lágrimas que não gosto de confessar e nas recordações que não deixam de me assombrar.
"all the love-sick rejections that acompany the company that I keep" Counting Crows
Shut the fuck up Arthur!!! I can't stand you anymore.
Por momentos tudo o que ouvi foi a explosão dos silêncios. No olhar transportavas os invernos e verões de todas as recordações. Nos ombros pesaram-te inseguranças ténues de quem baloiça numa indeterminação. E eu.... mantive-me a olhar-te....e a fumar.. e agarrado a tudo aquilo que me ligava a este mundo.. O meu copo. O gelo tilintava ao descongelar.. E o suave som que rompia os ditos silêncios, transportava-me a outros tempos... outros lugares. Comuns ou não. Serias capaz de me mentir? A tua mentira confundir-se-ia com a minha? As nossas omissões brindam juntas em madrugadas frias de sentimento e quentes de descontentamento. Banhe-me aquele arco-íris de cores mais ou menos pálidas do sofrimento que chamo a mim nas alturas de comiseração.