Ela passeava ao sol... que ainda nascia a custo...e com a cabeça cheia de pequenos nadas pensava em mim. Fazia-me, desfazia-me e construia-me a seu bel-prazer. Não entendia como alguém podia elevar-se aos seus conceitos bem defenidos e estruturados. Não percebia também como alguém tão diferente dela própria insistisse em roubar-lhe os momentos de suposta calma que sentia naquela praia.. "Como é que ele tinha o descaramento de não me sair da cabeça?" ainda por cima sendo assim..tão....tão... grrrr A verdade, ela sabia mas custava-lhe a aceitar... a verdade é que já lhe pertencia. Não sabia muito bem como nem porquê...mas sentia que uma parte dela chamava-o... culpava o destino por a ter levado por caminhos que nunca imaginara percorrer. "Sempre julguei que era forte....mas.. ele atravessa todas as barreiras e fronteiras que construo à minha volta... de forma quase ilegal e terrorista ele chega cada vez mais dentro de mim... " "Vou conhecê-lo...hoje.... estou nervosa.. ele não é nada do que tinha sonhado...é tão.... diferente...." "E agora?"
Uma vez...por baixo de uma lua azul prometi-te ser o satélite que te procura. Os azuis misturaram-se com os teus olhos e tornaram-se simples e cristalinos Eu senti-me azul de tanto te consumir... golfadas de ti não me encheram nem me bastavam E no azul do momento, com os gases do nosso olhar, ousei e beijei-te.... o beijo roçou-te os lábios e perdeu-se no espaço A visão que tinha de ti tornou-se turva e azulada à medida que acordava... Acordei.... nu...no meio de lençois azuis.
Só nós dois e tanta roupa a separar-nos Tanta distância... e beijos sofridos que tardam em tomar forma carícias prometidas nas conversas de nada que esperam contidas pelo suspirar de quem não vem.
Comprei uma passagem para um outro lado que não aqui. Custou-me cerca de alguns momentos a descobrir o destino - É sempre o mesmo. Comprei uma passagem para o esquecimento. Uso o transporte do meu copo e o caminho do whisky de uma marca esquecida e barata. O gelo apenas decora e arrefece... como as personagens que passam por mim... decoram-me ilusões e arrefecem-me realidades. Talvez por a verdade ser tão crua e bruta. Talvez.....talvez....talvez uma merda! O blog é meu e eu escrevo o que eu quiser!. Um cigarro após outro sinto-me cada vez mais eu....mais cheio de nada...mas capaz de tudo o que não me interessa. Olho para o que resta de mim e engano-me na mentira suave do amanhã talvez. E vivo assim... um dia a seguir ao outro... incapaz de racionar sensações e entregando-me sempre a vaidades não programadas. Mas vivo sereno...embora abalando mundos paralelos, outras vidas, encontro calma para transmitir e infernos para sentir. E para viver.
Existem passos que não dei e caminhos que nunca percorri... Existem realidades que não me interessam e sonhos pelos quais daria a vida Existem caminhadas que não são acompanhadas lado a lado...step by step...mas são olhadas à distância com mais atenção que ao microscópio.... Existem nuvens que nunca vi e brisas que não senti Existem muitas coisas que nunca fizemos.... existem muitas coisas que nunca sentimos Existe também uma história de revolta Existe também uma sensção de perda repentina que devo a quem não conheço Existe também um adeus que o devo a um bando de fantasmas que decidiram que sim e que caíste por eles... Existem....universos de pequenas coisas. Existem sentimentos escondidos por detrás de letras luminosas azuis ou vermelhas...ou ainda cinzentas.... Existem inocentes em guerras de culpados E no meio...mesmo no meio...disto tudo.. estou eu.... tiny little me.
Perguntei-lhe... que imagem minha gostava mais... ela disse "Gosto de te ver dormir..." "Gosto da maneira suave e pacífica como descansas, pareces alguém normal..... repousado..." E eu gostei de ouvir. Gostei de saber que durmo descansado, que os meus fantasmas que me desgastam o pensamento aos poucos fazem também a sua sesta durante o meu sono. Assombrado e acordado estou demasiado frágil...uma vítima das minhas próprias afirmações sublinhadas por insanidades em que acredito....ou esforço-me por o fazer. Quero cantar...quero ter uma voz capaz de entoar uma melodia amena....até pode ser daquelas que ouvimos em elevadores ou restaurantes.... Quero tocar a minha guitarra..quero ser capaz de tocar uma musica ao acaso.....até pode ser daquelas que todos sabem tocar.... Quero momentos únicos em que eu seja outro que não eu....mas sendo eu na mesma...mas mais....mas maior.. Quero ser poeta...com aquelas rimas onde não cabem mais palavras ou silêncios....daquelas perfeitas....únicas.... Quero......quero......só quero......voltar a ser criança.... Voltar a ser...
Fiquei um pouco mais sózinho desde sexta-feira. Ontem fui a um funeral. De alguém que me é muito especial. Perdi-me nos meus pensamentos e a olhar quem me rodeava. Como são estranhos os funerais... e como era bom termos um qualquer poder sensacional tipo de ressureição....sei lá....acho que o puto que vive em nós nunca cresce.. .. como nos sentimos inúteis contra a dor que paira no ar e quase consegue ser pesada. Olhares que fitam o vazio quando desocupados pelas lágrimas... olhares que demonstram estarem a recordar momentos... passados...vividos com quem já não vive. O que mais me impressiona nestas coisas..... é o enterro... reservo-me sempre um romantismo... "Estão a plantar um corpo para que a alma procure nova flor dessa semente e renasça assim outra vez....mais madura"..enfim.. talvez sejam lirismos mas acabam por me confortar de alguma maneira... agora o que não encontro forma de esquecer é aquele som....sempre o mesmo... o som da terra a bater no caixão.. como se reclamasse o que é seu.... pó ao pó... é o som mais feio do mundo e aquele que corta esperanças e define finais. Assim como a minha verdadeira avó, esta minha avózinha irá acompanhar-me durante o resto da vida, vivendo numa robusta prateleira da minha mente... que ela deu-me isso.. ofereceu-me um bouquet de momentos e recordações enquanto esteve viva... e por isso agradeço e sinto-me sortudo. Utilizarei e abusarei de todos esses momentos quando e como quiser... pois uma das maiores alegrias que penso que podemos ter, é morrermos um dia...com a certeza que tocámos alguém durante este percurso que por vezes se torna demasiado "orgânico".
Tenho a chave da autoestrada... temo a liberdade que me oferece... A saída mais rápida...mais fácil..... Estou a fumar um cigarro, bebendo o meu scotch.....e a ouvir algo mágico.... "Three o'clock blues" Clapton e BB King.... a guitarra leva-me por caminhos sinuosos onde sensações de liberdade me assombram. Quantifiquei a liberdade num sentimento de perdição e entrega. Quero ser livre e ao mesmo tempo acarinhado por um colo familiar. Quero ser original e perder-me na multidão anónima. Quero ser eu...embora não saiba muito bem quem sou. Quero representar um papel de actor...mentiroso até mais não e sincero na entrega. Sei que procuro o que talvez já possua..........um mito. Sei que quero ser o que talvez já seja... um sedutor de princesas perdidas e sem saída. O homem mais perfeito que conhecem, pois não conhecem mais ninguém. E o homem mais errado que conhecem, pois não conhecem o certo. E quero beber a vida aos poucos, dentro das inseguranças que não controlo e das emoções que me deixam tonto de tanto rodopiarem. Desenhei um círculo na areia da praia...... e veio o mar e apagou-o....renovou-o...voltou a ser areia.... quero ser renovado em cada suspiro...ser suficiente em cada momento e extravasado em cada sentimento... Quero estar acima de mim....sem fronteiras ou limites...quero chegar à portagem com as moedas já contadas.....ainda que algumas sejam gorjeta.... Quero viver acima da vida. Quero todo o amor que te sobra.
Porque há estrelas que brilham mas não se vêm? E existe gente que nunca chego a conhecer...ainda que os possa ver... São os azuis feridos do amanhecer Que se desprendem do céu..arranhando-me.....arranhando-te....
Há um universo de pequenas coisas que só se despertam quando tu as nomeias Tudo o que é belo está esperando o teu olhar Tenho uma carícia que sem ti se derrama
Há um universo feito de pequenas coisas. que voam sobre a tua cabeça se as sopras Há atardeceres que não acabam de se pôr. Há um mar inteiro resumindo-se na tua boca
E eu te juro, vida minha, que o sorvi ..pergunta à tua pele Já não te recordas, companheirita minha quando te falei do meu universo..vês? Não acreditavas?? Não?? Que existem aqueles cantos... onde o amor se esconde
Todo um universo de pequenas coisas nele me está esperando ela de uma nuvem a outra Não há uma promessa que resista àquelas dúvidas Não há uma carícia que a peça àquela lua
E eu te juro, vida minha, que desde ontem a lua está...está na tua pele Eu te juro, vida minha, te encontrarei junto ao espaço...aquele.. tu e eu e o céu...o céu....
Porque existem aqueles cantos... onde o amor se esconde
Porque há estrelas que brilham por aí..bem sei e existem sítios que nunca pude conhecer. Por isso vem ver comigo o sol aquele.... de prata salpicando-nos os mares de prata salpicando-nos......os mares de pequenas coisas
Há um universo de pequenas coisas nele os amargos trançam flores para adornar fronteiras há um olhar que sussurra nas minhas costas.... quando os segredos ou se dizem ou se calam
Sim eu te juro, vida minha, que posso fazer deste universo para ti um bem E tu me juras, vida minha, que pode ser tu e eu e o céu....o céu..aquele..
Porque há estrelas que brilham mas não se vêm e existem sítios que nunca pude conhecer......
Tradução de "Hay un universo de pequeñas cosas" de Alejandro Sanz
Olhei-te com aquele olhar que te despe e te sente crua e tu ofereceste-me o mesmo calafrio nervoso que se tornou hábito nesta nossa dança silenciosa. Sinto-me sempre o convidado de honra num jantar de poetas (daqueles que tudo o que diz soa a banal), cada vez que nos cruzamos neste jogo de estudo mútuo. Num jogo que ambos conhecemos tão bem.. deixa as palavras perderem-se no teu cabelo solto.. não precisamos delas agora... talvez mais tarde.. talvez...amanhã...de manhã... para já deixa-me oferecer-te todas as primaveras que guardo par ti num bouquet aberto e amarrado pela noite e decorado de estrelas brilhantes e únicas