Ansiolítico suave
Tens o tempo de um cigarro se quiseres partir.
Tens o desvio de um olhar se queres fugir.
Eu ficarei aqui arrependido do que nunca fiz.
Entre a tristeza e a vã promessa de ser feliz.
Leva-me para o contrário de ti, se é isso que queres
Ou traz-me para junto de nós, se o entenderes.
Tudo menos a indiferença do não saber se queremos
ou apenas contamos as horas às voltas em si sem nos descobrirmos
Não quero ser a sombra de uma despedida
Nem o triste episódio da mágoa sentida
chorada e perdida no meio da confusão
que guardas na insensatez do teu coração
Viver cansa e não conhecemos as paragens dos nossos destinos
Não posso esquecer que tenho algo a fazer
torna-se mister que acabe o que não me lembro que era importante
a urgência de tudo o que me espera abate-me
Continuas a ser, embora não saibas, o meu ansiolítico suave
Nas conversas trocadas, engolidas e lavadas
Quebro a ansiedade de te sentir, e convenço-me
que amanhã virás para mais.
Abres a porta e escondo a minha sombra na fachada de uma ranhura descoberta
Dispo as idéias pré-concebidas de ti e deixo que me ensines o que és
Tu não sabes bem o que és.
Mas chego à conclusão que não é importante.
Se calhar eu também não quero assim tanto saber.